MACABÉA E O SERTÃO SIMBÓLICO: AUSÊNCIA, SILÊNCIO E PRECARIEDADE EM A HORA DA ESTRELA, DE CLARICE LISPECTOR
Palavras-chave:
Literatura, Ariano Suassuna, Sertão, O desertor de princesaResumo
Este ensaio discute algumas condições de possibilidade num diálogo entre uma realidade trágica e uma peça que nela se inspirou. Se em Roma a construção do monumento “Ara Pacis” teve como propósito celebrar a paz depois da guerra, com nítida utilização como local transformador dos espíritos da guerra e de comando, no depósito do imperium militiae e a sua conversão em imperium domi, em Cantam as Harpas de Sião (peça reescrita como O desertor de Princesa) Ariano Suassuna esculpiu uma espécie de “Pax Taperoanibus Sertanejae”, uma “Pax Sertaneja”, descrevendo a vida dura do camponês, recrutado pelas forças do estado para morrer, como dever, enquanto uma outra classe estava destinada a viver. E na lida deste conflito bélico, Ariano denuncia mentiras oficiais, mortes sem sentido, mas o faz dentro de uma casa com detalhes propositalmente descritos com arcos romanos, utilizando a metáfora da vela que deve permanecer acesa pelo resto dos dias do pai que permanecerá eternamente de luto, numa “noite que nunca se acaba”, entremeando observações sobre a forma possível de se acabar com a brutalidade, que deve ser o “tornar-se bruto” como os brutos que são combatidos, sujando-se de poeira e de sangue, num dia de luta que também não parece ter possibilidade de acabar.
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